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sexta-feira, 10 de agosto de 2012

Retornando...


Seria risível, se não fosse de lamentável, as coisas que vemos na ‘grande rede’. Principalmente em blogs de pessoas que misturam, como num grande caldeirão, inveja, intriga e egoísmo...

Fugindo, mais uma vez, ao escopo deste blog, vou reportar-me a um “alerta” publicado recentemente e que tomei conhecimento. Esse “alerta” refere-se veladamente a este Blog e seu blogueiro.

Todavia, o “alerta” a que me refiro foi elaborado/redigido por pessoa aventureira, oportunista e covarde, que não merece qualquer respaldo.

Em resumo, pessoa egoísta que sempre ‘copiou’ e viveu à sombra de intrigas, de mentiras, manipulações vis e sem quaisquer escrúpulos, pudores, ética e/ou ideias próprias.

Criei esse blog, não como uma referência vaga (alusão) às obras de meu saudoso pai. Mas sim como uma HOMENAGEM à um Homem. Como láurea ao escritor, ao poeta, cronista, jornalista e que tive o maior orgulho em chamá-lo, não só de Pai, mas de colega de profissão! O processo de criação veio pela verdadeira adoração que tinha pelo meu pai recém-falecido, posto que nos meus 52 anos de vida, apesar de homem público que sempre fui desde os meus 16 anos (quando comecei a trabalhar em Rádio), nunca gostei de expor-me, de aparecer.

Outro fator que me levou a publicar estas páginas, além da então recente perda daquele que nunca abandonei e jamais abandonaria por nada desse mundo, foi o fato de após o seu desenlace, ter pegado praticamente no lixo os originais dos escritos que ele sempre teve o maior orgulho – e não era para menos!

Talvez por ser o único filho que seguiu quase todos seus passos, tinha com meu Pai, conversas, trocas de ideias e até de confidências. Sabia, por exemplo, que ele gostaria ver publicados seus contos. Chegou mesmo a pedir-me, em certa ocasião, que digitalizasse um de seus contos para entregá-los a determinada pessoa que iria providenciar a publicação. Fomos até Barretos (ele e eu) e contatamos essa pessoa. Por questões éticas, não divulgarei o nome do empresário. Resultado: a cópia entregue ao mencionado empresário soverteu-se!

Sugeri, à época, as reedições das crônicas da coluna “Chão Preto” e fiquei de catalogá-las – o que não fiz por falta de tempo! Separei-as, organizei-as, mas não consegui catalogá-las. E, não por mero acaso, tive a sorte de estar no momento e na hora certa em que as mesmas iriam parar no lixo. Cheguei a ouvir que “papel aceita tudo, e que por isso não tinham qualquer valor!”.

Realmente, escritos podem até não conter valor econômico, mas contém outros valores! Valor moral, valor pessoal, valor de estimação (este não tem preço) e tantos outros valores...

Em suma, sob as penas da Lei, continuarei a reproduzir as crônicas de Urbanus neste blog denominado O Chão Preto de Urbanus eis que não constitui ofensa aos direitos autorais (veja a Lei).

Aliás, as obras assinadas por Urbanus, relacionadas a ‘coluna’ “Chão Preto”, e publicadas a sua época em periódicos, e aqui reproduzidas, segundo os ditames da Lei que rege a matéria! NÃO CONSTITUINDO NENHUMA OFENSA AOS DIREITOS AUTORAIS VEZ QUE REPRODUZIDOS SEM O INTUITO DE LUCRO e SEMPRE FAZENDO MENÇÃO AO NOME DO SEU AUTOR!

Reitero: este blog, e o que aqui se posta a título de reprodução, NÃO É MERA ALUSÃO, mas sim uma HOMENAGEM!

J. Fernando Canôas

O Super-homem não morre!


Super-homem morre? Nunca pude imaginar isso! Nem num sonho maluco de Lex Luthor... Super-homem nunca morre!!! Vivi 50 anos imaginando isso... Mas esqueci de que como homem de aço ele poderia mudar-se para Kripton!
Relembro-me hoje, com saudades do meu velho e querido pai. Do seu jeito de ser, falar, andar... Ô Pai, que saudades!!!
Uma das lembranças que tenho, quando morávamos na Rua 22... Papai sentado numa cadeira, eu tinha os meus seis ou sete anos, sei lá! Corri, sentei-me em seu colo e começamos a brincar... Colocava a mão em seu bigode e ele... – Rrrronc! – como que me assustando. Dávamos boas risadas... A certa altura da brincadeira, perguntei-lhe se poderia tirar seus cabelos brancos (ainda eram poucos naquela época). Papai sorriu e disse que ficaria careca. Mas não queria vê-lo velho! Em certa ocasião, morávamos em Barretos na Rua 14, esquina da Avenida 23. E um dia, como em todos os dias na hora do almoço meu pai atrasava-se. Ouvi um comentário de que ele estava na rádio... Olhei pro radinho de pilha e nada. – Meu pai não cabe ai! – até que resolvi atravessar a rua entrei naquele prédio enorme e cheguei num lugar que mais parecia um aquário... Fiquei na ponta dos pés e vi através do vidro, meu pai falando na frente de uma coisa esquisita. Acho que meus olhos brilharam mesmo sem saber direito o que era. Depois ele me explicou tudo contou como funcionava aquela parafernália... Fiquei radiante!!! Daquele dia em diante, passei a procura-lo em seus trabalhos: fui ao Banco do Brasil onde era gerente (achei que ele era o dono daquilo tudo!), por vezes, encontrei-o nas quadras de tênis do Grêmio. E uma vez, ele quase teve uma sincope quando o encontrei no clube dos ingleses no Frigorifico Anglo, onde ele ia jogar Golfe!!! Em certa ocasião, recordo-me com saudades, de uma vez que fui com ele na Casa dos Médicos e ele mandou preparar um misto quente. Foi o melhor misto que já comi até hoje!

Almoço no Bar do Costa (Barretos - 1967)

Papai escrevendo uma de suas crônicas

Papai era muito ocupado, mas sempre arrumávamos um jeitinho para estamos juntos! Além das atividades que tinha: bancário, radialista, cronista de jornal, poeta, pai e bom marido, achou um tempinho e formou-se Advogado. O tempo passou, cresci, desliguei-me um cadinho... Tornei-me radialista, fui bancário... Escrevi algumas coisas... Resolvi fazer-me, tal qual Papai, Advogado! Em nenhuma das minhas profissões fui tão brilhante como ele, mas ao menos tentei! Mas, em certa ocasião, quando me apresentou à uns amigos, vi em seus olhos e senti em suas palavras o orgulho que ele tinha desse mal filho: “Esse é o meu caçula. Ele também é meu colega!”. Senti-me o mais importantes dos homens! A certa altura da vida, tive o privilégio de poder ajudar aquele que sempre me amparou até mesmo quando me desliguei dele e da família. Privilégio, posto que passei a conhecer melhor o meu melhor amigo! Confidenciávamos ideias e ideais... Nas palavras dele, passei a ser sua bengala e seus olhos... Se até então o tinha como Pai e exemplo de homem, passei a tê-lo como super-herói! Tínhamos, por certo, nossas desavenças, rusgas... Não somos: principalmente eu, perfeitos! E, segundo seu dito: “Um Canôas não é teimoso. É persistente!” e nessa persistência lutamos lado-a-lado com o que ele chamava de “degenerescência” visual. Hoje vejo que essa “degenerescência” era apenas física, vez que o velho Canôas tinha uma visão muito além de todos nós! Não me esqueço do dia que após sairmos de uma das primeiras consultas no Hospital de Olhos de Sorocaba, ele disse-me: “Olha. Estou me sentindo bem melhor! Já consigo enxergar a placa desse carro ai na frente!” – e, apertando os olhos, leu-me a placa... Pai... Papai. Que saudades do senhor!!! Sabe, as vezes ouço a sua voz... Vejo sempre, e JAMAIS esquecerei o seu rosto, seus cabelos brancos! “Não quer aprender com a minha experiência? Vai aprender com os seus erros!!!” – não era assim, tudo de uma só vez, era uma voz pausada, que vinha de dentro (de dentro do coração), gaguejada. E quando ele ficava bravo, então?
São lembranças, Papai, que nem o tempo implacável, irá apagar de minha memória, pois em minha vida e em meus sonhos o senhor está cada vez mais presente, mais vivo e mais amigo! Sabe por quê? Porque o Super-Homem não morre, ele voa para Kripton!!!
E hoje, neste mês em que comemoramos o DIA DOS PAIS, venho lhe prestar esta singela homenagem. A homenagem de seu amigo, colega, a homenagem seu filho,

José Fernando Fullin Canôas