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segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

Urbano França Canôas
(Urbanus)

quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A ÁRVORE

Eu queria meditar, mas, meus olhos teimavam em se fechar apesar de meus esforços para conservá-los abertos. Depois de algumas tentativas a mais para ficar acordado, não resisti e dormi. Aí a paisagem se descortinou diferente: - era um lugar maravilhoso, com cascatas, palmeiras, árvores frondosas, regatos com poços remansosos que mais pareciam verdadeiras piscinas. A gente até podia ver os peixes nadando nas águas límpidas da correnteza...
Os pássaros faziam um autêntico festival de harmonia com seus gorjeios melodiosos. Até os insetos participavam daquele conserto bucólico com seus zumbidos característicos...
Então o meu corpo (seria mesmo o meu corpo ou seria o meu espírito?) levantou-se e saiu caminhando, quase flutuando, pela campina circundante...
Ó Deus! Que beleza!
Não se ouvia o menor ruído que não fosse o dos gorjeios, dos zumbidos, do cascatear das águas, do cricrilar dos grilos...
Caminhei e caminhei...
De repente, ouvi uma voz chamando-me pelo nome. Parei. Olhei em torno e... Nada! Recomecei a andar. A voz chamou-me novamente. Pesquisei com os olhos a redondeza para verificar se ali existia alguém escondido. Nada! Nem uma vivalma!
Então a voz soou à minha direita, chamando-me. Não, Deus dos Céus, não havia ninguém! Novo chamado. Aí, então, localizei de onde procedia a voz: - era de uma árvore frondosa. Aproximei-me pensando que alguém se escondera atrás de seu tronco para brincar comigo... Assim, dei a volta ao redor da árvore e... Nada! Ninguém estava ali! Os meus pensamentos tumultuaram. Seria uma entidade de outra esfera que desejava comunicar-se comigo? Então, a voz esclareceu-me:
- Não, não sou um espírito. Sou eu mesmo, a árvore!...
- Como?! Uma árvore que fala?!
- Por que o espanto? Quantas vezes já lhe falei, na voz do vento, no canto dos pássaros...
Intrigado com o inesperado, pensei:  - Como pode ser? Será que estou sonhando ou estou ficando louco?...
- Ficando louco, não!
- Então é um sonho, disse aliviado.
- Sim. Mais ou menos. Porque neste sonho, por mais contraditório que lhe pareça, você vive a verdadeira realidade em que as coisas de Deus têm a vida que Ele lhes deu.
Ante tão firme resposta, aventurei:
- Bem, em que posso então auxiliá-la?
- Auxiliar-me?! Que pretensão! Você é que precisa de ajuda.
- Eu?!
- Sim. Veja: - você veio a este campo para meditar. No entanto, nem mesmo uma ligeira prece você fez. No silêncio, você dormiu e não viu a beleza dos arredores... Não escutou o canto da brisa... Não ouviu a melodia do farfalhar das folhas... Não sentiu o aroma das flores... Não viu o trabalho das abelhas nem o murmúrio das águas entoando hinos de louvor a Deus, nem o gorjeio dos pássaros... Você precisa ouvir e entender a Natureza porque assim você pode compreender a beleza da Criação. Agora, meu amigo, acorde e olhe à sua a volta...
Meus olhos se abriram e então pude ver a beleza exuberante da paisagem com seus adornos floridos... A brisa... O cascatear das águas... O canto dos pássaros... As luzes multicolores filtrando pela ramagem...
A árvore falante, balançado seus galhos e folhas, parecia aplaudir o espetáculo maravilhoso...
Foi um sonho? Não sei... Quem o sabe?!

Urbano França Canôas

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

BRINQUEDO QUEBRADO


Eu não sabia, na realidade, qual era o meu desejo. No meu íntimo, aquela sensação esquisita de insatisfação. Nada estava bom. Faltava-me alguma coisa que eu não sabia bem definir o que era.
Procurei a resposta no alimento: - não era exatamente o que eu queria. A bebida não me atraia. A leitura muito menos.
O quê seria?
O convívio com os familiares era-me muito agradável, mas, não preenchia ainda aquela ânsia interna,
A prece, a procura da afinidade com o outro Plano, dava-me um refrigério, no entanto, não chegava à plenitude do anseio.
As luzes, o brilho da cidade, o som das músicas e dos hinos, tão comuns na época do Natal, como que aumentavam aquele vazio que sentia em minha alma...
Recolhi-me no meu interior, buscando a resposta que o meu coração pedia...
Então, os pensamentos voaram. As folhas do calendário sobre a minha mesa foram virando pra trás... Para trás... Cada vez mais para trás...
Surgiu, então, na tela da minha retina, um menino meio-desengonçado, calças curtas, camisa para fora do cinto (cinto?! Teria ele mesmo um cinto ou seria apenas um cordão amarrado na cintura?); cabelos despenteados; nariz um tanto limpo e tanto sujo; olhos assustados...
Quem seria aquela criança?
Firmei o meu pensamento naquela figura. O filme da memória, retido há tanto tempo na câmara escura do meu inconsciente, revelou-me que o menino estava triste, porque no chão, a seus pés, estava um brinquedo quebrado... Era uma piorra, uma espécie de pião musical, que ele havia recebido como presente de Natal. A quebra do brinquedo era a desilusão de um sonho mal começado... Era a sua primeira desilusão!...
Procurei outros detalhes do menino: - outros traços fisionômicos. Quem seria ele?
As cores do passado, as formas, a paisagem... Então – ó Deus! – reconheci-me na desilusão do menino! Era a minha própria imagem que, há tantos anos, chorou pelo seu brinquedo quebrado!...

Urbano França Canôas

63 Anos


Você, meu amor, nunca foi boa de contas.
Você, às vezes, tem dificuldade até de somar 2 + 2...
Então, como você poderá calcular a soma de 63 anos de casados...
Mas, vamos, desta forma, às contas: - são fora os anos bissextos que têm um dia a mais, vamos ver as contas: - são 22.995 dias, 1.379.700 horas ou 82.772.000 minutos...
Veja você, quanto tempo contamos hoje!
Desses números, quantas alegrias tivemos... Quantas tristezas...
Mas, meu amor, eu só conto os 82.772.000 minutos que nós estivemos juntos, amando, sorrindo e sofrendo...
Separo desses minutos só as alegrias e deixo prá lá as tristezas, pois elas são tão passageiras...
Espero segundo a vontade de Deus Pai, daqui prá diante, só contar os momentos de alegria...
E o seu presente?
Ah! O seu presente... Acho que ele se perdeu naqueles números tão grandes, mas bem pequenos para o meu coração, onde tem morado sempre e sempre estarei contando as horas felizes de hoje em diante...
Beijo-a, com amor, minha querida.

Urbano França Canôas

domingo, 24 de outubro de 2010

Nas Minhas Páginas...

Hoje, retomando minhas atividades de blogueiro resolvi, além deste Blog que criei em homenagem ao meu pai, começar um outro, o qual intitulei "NAS MINHAS PÁGINAS...".

Este título, "NAS MINHAS PÁGINAS...", refere-se à uma série de crônicas, poesias e pensamentos, que escrevi há uns 15, ou 20 anos atrás. Na época, como um bom filho do pai, pensei em editá-lo. Mas, por falta de tempo ($$$), não o fiz, e agora, tomei coragem para divulgá-lo na grande rede.

Assim, pedindo venia ao meu Nobre Colega Dr. URBANO, e bença ao meu saudoso pai, venho divulgar o endereço do Blog "NAS MINHAS PÁGINAS...", qual seja: http://nasminhaspaginas.blogspot.com/.

E, aproveito a oportunidade para convidar aos seguidores do "CHÃO PRETO DE URBANUS", para, querendo, também seguir lendo "NAS MINHAS PÁGINAS..."!

Abraços, J. Fernando Canôas

62 ANOS (DE CASADOS)

Chegamos hoje, minha querida, aos 62 anos de casados.
Quantas lutas! Quantas dificuldades!
Vitórias?
Tivemos vitórias, meu amor?
Oh, sim! Vencemos juntos muitas peripécias.
Alegrias?
Foram bem poucas, você não acha?
Mas, elas encheram os nossos corações de felicidade.
E as dificuldades?
Sinceramente, não sei contá-las, foram quantas...
Mas, com o seu apoio, elas ficaram tão pequenas...
E as tristezas?
Ah! Essas são tão comuns, numa família como a nossa.
Sempre, porém, você com a sua coragem, deu força à nossa vida.
A maior de todas elas, você bem sabe qual foi...
É aquela, cujo vazio jamais será, nesta existência, preenchida...
Todavia, com tudo isto, vamos vivendo e, com isso mais aquilo, chegamos aqui...
Chegamos aos 62 anos de casados, com a sua força, com a sua compreensão.
E, sobretudo, com o Amor que sempre nos uniu e nos unirá até ao fim dos nossos dias.
Beijo-a, minha querida, neste dia.
Agradeço-a, meu amor, nesta data.
Nestes 62 anos existe uma grande vitoriosa: - VOCÊ, minha esposa querida!

Urbano França Canôas

sábado, 23 de outubro de 2010

REMINISCÊNCIAS

Antes que a vela do Tempo se apague; antes que a inexorável velhice corroa os meus já combalidos neurônios da memória, deixei-me relembrar coisas queridas que marcaram a minha insignificante vida neste Plano Terrestre.
1.938...
A Arthur Machado, conhecida como a. Rua do Comércio de Uberaba (MG).
Era o local onde a mocidade se encontrava nos “footings” tão em voga naqueles tempos.
Eu tinha terminado o curso ginasial e, como era ante véspera da segunda Grande Guerra, ainda fazia a instrução militar no Tiro de Guerra nº 158. Mas, à noite, quando não tinha ronda, aos domingos, lá ia eu para a Rua do Comércio para ver o “footing”... As moças passando... Passando...
De repente, vi uma menina-moça linda. Vestido vermelho. Olhos grandes. Cabelos enrolados no alto da cabeça. Tez louçã... Linda, linda mesmo!
Meu coração, ainda sem dono, disparou...
Ela olhou para mim? Seria mesmo para mim?!
Esperei o retorno do “footing” que ia da Praça Rui Barbosa até a Avenida Leopoldino de Oliveira.
Ela passou de novo e, de novo, me olhou...
Ah! Meu Deus! Era mesmo eu o felizardo daqueles olhares tão doces...
Outros domingos... Novos olhares...
Ai, num domingo, quando terminava a passeata das moças, tomei coragem e abordei a tal mocinha: - “Posso acompanhá-la ?” Era a forma usual daqueles tempos para a aproximação.
Começou o namoro... Cinemas no “Royal”... Despedidas na esquina da Rua Padre Zeferino com a Gonçalves Dias, perto da casa dela.
Veio o Carnaval. Encontramo-nos. Depois de alguma conversa, ela se despediu dizendo que ia para casa. Fui embora...
Depois de alguns dias, descobri que ela me enganara, ao invés de ir para casa, foi para o baile de carnaval na União dos Empregados do Comércio... O Irineu, um meu conhecido que trabalhava no Correio, contou-me que dançou com ela, mas que o preferido era o Francisco Sabino, com quem ela mais dançou. Quase morri de ciúmes e de raiva, pela enganação de que tinha sido vítima. Tinha feito papel de bobo, acreditando na estória de “ir para casa”...
Ela procurou, por muito tempo, manter a mentira... Mas, eu tinha certeza dos fatos... Até que um dia, já de namoro firme, ela me contou a verdade: - tinha ido mesmo ao tal baile...
No dia 17 de dezembro de 1939, já freqüentando sua casa, pedi-a em casamento. Ficamos noivos.
A “Pindaíba”... Quantas recordações...
O concurso para o Banco do Brasil.
O nosso casamento que, por discriminação religiosa (ela era espírita e eu católico), não foi realizado no Altar Mor da Catedral... Foi feito no Altar de São José, que passou a ser o nosso Protetor da nossa vida de casados...
O primeiro filho... Cinco quilos e trezentos gramas... Menino lindo e forte...
A mudança para Governador Valadares... Tristes lembranças... Quantas dificuldades...
Os outros filhos...
A minha carreira no Banco do Brasil... Os progressos... Depois a queda...
Doenças...
São Paulo... Outras dificuldades... Outras vitórias...
Ribeirão Preto...
São Carlos...
Dificuldades...
x.x.x.x.x
Mas, agora, aos 61 anos de casados, ainda continuo a lembrar-me daquela menina-moça de vestido vermelho, e continuo a amá-la como sempre.
Só espero que, no próximo Carnaval, ela não me engane de novo...
Será?!
Reminiscências... Reminiscências...
Como é bom a gente poder lembrar de coisas mínimas que constituíram as nossas vidas... Como é bom!

Urbano França Canôas

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

ESTOU DE VOLTA!!!

Após quase um mês no estaleiro, volto à ativa com força total! Peço desculpas a todos e vamos enfrente que atrás vem gente!!!

J. Fernando

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

CHÃO PRETO

Origem da denominação
(Crônica em homenagem aos 150 anos de Barretos)

Diz a história mais aceita que a denominação da cidade de Barretos (SP), como “Chão Preto”, nasceu em uma peça burlesca, levada a palco, em São Paulo - Capital, nos idos anos de 1.924, quando um ator, trajando-se como um homem do campo, como um verdadeiro “caipira”, no linguajar popular, entrava em cena e, sacando de uma velha garrucha, disparava dois tiros para o alto, gritando com voz de bravo: - “Eh! Chão Preto, terra boa é Barreto!
Como se vê, o referido personagem não falava Barretos para rimar, ao que parece, com “preto”.
A cidade de Barretos era, naqueles tempos, conhecida e tida como valhacouto de bandidos e facínoras, como Filogônio Reis e Aníbal Vieira; além de manter um afamado meretrício composto de lindas mulheres importadas até da França e da vizinha cidade de Uberaba (MG). Essas mulheres, da chamada vida airosa, eram trazidas pelos “coronéis” políticos e fazendeiros que, na aparência, eram homens probos e honestos chefes de família que “ornavam” a mais alta sociedade de então...
Barretos progrediu... Cresceu... Tornou-se famosa no cenário nacional.
Teve seus “tipos” populares. Quem não se lembra do “Carrasco”, do “Ponto Mole”, do “Quatro”, do “Tuta”, do “ Muié”, do “Zebedeu”, do “Chupa Limão”, do “Mudinho”, do “ Feição”, e tantos outros?!
A cidade alcançou foros internacionais, graças a “Festa do Peão”, patrocinada pelos “Independentes”, esse grupo de moços valorosos que, em virtude de seu trabalho, elevou o nome de Barretos além fronteiras... Lembranças do Orestes de Ávila: - “Elegância! Elegância! Segura peão!... O chão é o limite!...
x.x.x.x.x.x
Em 1948, através das colunas do jornal “O Correio de Barretos”, de propriedade do eminente jornalista Ruy Menezes, de pranteada memória, comecei, modestamente, a escrever, sob o evidente pseudônimo de “Urbanus”, uma colunazinha intitulada “CHÃO PRETO”, na qual pretendia, em oito centímetros, gravada em tipo itálico, corpo 6, relatar fatos locais e, principalmente, exaltar a excelência da cidade e a de seus habitantes.
Invariavelmente, eu terminava as pequenas crônicas com a expressão “Eh! Eh! Chão Preto”... Mantive a coluna durante 17 anos...
A “coisa” pegou... A antonomásia pejorativa de “Chão Preto” tornou-se adjetivo qualificativo para a cidade... Hoje, ninguém se ofende de ser chamado de “chãopretano”, de morar nas terras abençoadas do “Chão Preto”...
O nome, atualmente, é do domínio popular. Houve até um ilustre membro da Academia de Letras de Barretos que lançou um livro sob o título de “Crônicas do meu querido Chão Preto”. Todavia, - o que é lamentável – o ilustre autor, nem de leve, lembrou-se de mencionar quem fixou, na cidade, o nome de “CHÃO PRETO”, daquele que, realmente, escreveu, durante 17 anos, as verdadeiras crônicas do meu querido “Chão Preto”... Bem diz o povo, na sua sabedoria, que “o brasileiro tem memória curta”...
Mas, agora, longe da terra que tanto amei que tanto exaltei só me resta a saudade de ouvir o berrante trombetear nas campinas do sertão barretense e o peão, do alto da sua montaria, gritar, a plenos pulmões: “EH! EH! CHÃO PRETO, TERRA BOA É BARRETO!!!”...

São Carlos (SP), agosto de 2.004.
Urbano França Canôas

HOMENAGEM AOS 156 ANOS DE BARRETOS (nota)

Às vésperas de mais um aniversário de Barretos, dia 25 de Agosto pf., o “Chão Preto” completará 156 anos! E para homenagear a terra de Chico Barreto, vou postar a crônica escrita, por Urbanus em 2004, alusiva ao sesquicentenário da terra que tanto amou.
Nessa crônica, Urbanus relata a origem, da denominação “Chão Preto”, e também como e quando iniciou sua jornada como propulsor da expressão “Chão Preto”.
J Fernando Canôas

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O CURUMIM (Para o meu netinho Lucas)

A sua carinha de curumim é a alegria da casa.
Então a gente vê aquela energia toda irradiando-se do seu corpinho que se agita em tropelias de toda espécie: - corridas, pulos, cambalhotas e quedas espetaculares...
É um verdadeiro furacãozinho!
A sua algaravia é quase que inteligível. Mas, ai de quem ousa não entendê-la! Ele grita frenético e chora inconsolável...
No meio de tudo isso, a personalidade de um verdadeiro guarani das antigas planícies brasileiras.
Ah! Meu indiozinho levado, como você agita o ambiente da minha casa com a sua ligeireza infantil! Como você enche a minha vida com a sua brejeirice!
Em você, meu curumim, eu vejo o Brasil que nasceu e cresceu para ser forte e belo, como você será, se Deus quiser, um dia!
Ah! Meu curumim... Ah! Meu indiozinho.

Urbano França Canôas

sábado, 7 de agosto de 2010

DIA DOS PAIS (por J. Fernando)

Hoje é o primeiro DIA DOS PAIS que passamos distantes (fisicamente distante), pois no meu coração, na minha alma, o senhor PAI, está mais presente do que nunca!
Quando criei esse Blog, não imaginava a dimensão que poderia ter. Imaginei apenas fazer uma homenagem a um grande homem e “um baita” amigo que tive o prazer de conhecer, e que não por acaso era o senhor, MEU PAI! Imaginei uma forma de sempre manter-me em contato com o senhor, de lhe afagar os cabelos, de ser a sua bengala e os seus olhos.
Hoje, véspera do DIA DOS PAIS, estou eu aqui; frente a frente com a dura realidade de não ter o “Velho Canôas” prá poder abraçar, prá ouvir suas histórias, seus causos... Mas tenho absoluta certeza de que a festa no “andar de cima” tá bem animada... Alegro-me de saber que o “Zé Botina”, o “Coconho”... O “Mineiro”, tá fazendo as nossas vezes, as vezes de todos nós que ficamos nesse plano. Que inveja dele!!!
PAI receba nessa singela homenagem, um beijo, um forte abraço (o mais carinhoso possível e imaginável) desse seu caçulinha que tanto trabalho te deu, mas que saberá honrar o seu nome, o seu legado de cultura, de amor e de fé.
PAI... PAPAI. Um feliz dia dos pais!!! Nós te amamos.
Um beijo de seus filhos.

CRISTIANE & Marcelo, Letícia e Kaíque
ANITA & João Carlos; Maria Ruth & Marcos, Larissa, Caio Henrique, João Pedro; Liliane & Sandro, Sandro Junior, João Victor; Marta Regina, André Luis, Orlando Carlos;
JOSÉ URBANO & Aparecida; Urbano Neto & Erika, Guilherme; Ana Carolina & Eduardo (Luiza);
JOSÉ ALBERTO & Luciana; Vivian, Fernanda, Vitor Hugo e Beatriz;
RUTH HELENA & Francisco, Victor Tadeu, Cinthia, Camila
J. FERNANDO & Daniele, Bruno, Lucas, Alexandre Giovanna e Maria Clara.
Nota: "Zé Botina", "Coconho" ou "Mineiro" - apelidos de JOSE ANTONIO

DIA DOS PAIS

Hoje, dizem, é o “dia dos pais”...
Então, segundo a tradição, eles, os pais, recebem homenagens... Recebem presentes... Abraços... Beijos... Sei lá mais o quê...
Alguém, alguém que talvez me conhecesse... Sei lá... Perguntou-me – “Como é? recebeu muitos presentes?”...
Presentes... Abraços... Beijos...
Recolhi-me, dentro das minhas lembranças, da minha memória já cansada...
x.x.x.x.x.x.x.x.
Nos meus tempos de menino, - não me lembro! - não existia esse tal de “dia dos pais”... Eu não sabia que pai tinha dia...
x.x.x.x.x.x.x.x.
Casei-me...
O relógio do Tempo rodou... Rodou...
Tornei-me pai...
x.x.x.x.x.x.x.x.
Aquela pergunta martela a minha cabeça: - “Como é? Recebeu muitos presentes?”
x.x.x.x.x.x.x.x.
Não sei se é trama comercial. Se é truque pra vender mais algumas quinquilharias para uns meninos... Para alguns filhos ou filhas... Não sei... Não sei...
x.x.x.x.x.x.x.x.
Só queria um belo “presente”...
Só queria rever aqueles olhinhos pretos como jabuticaba, percorrendo o quarto onde ele nascera, à procura da luz do vitral da janela...
Só queria revê-lo sorrindo, correndo com sua botininha de elástico, lá na praça, e os homens velhos (velho como sou hoje), a chamá-lo carinhosamente: -“Vem cá, Zé Botina! Vem cá... Vem...”
x.x.x.x.x.x.x
Dia dos pais...
E o meu presente?
Ele fica na minha retina... Ele fica na minha velha memória... Ele fica no meu coração, meu querido filho distante: - Meu querido “ZÉ BOTINA, o presente que eu queria hoje ganhar!... Que Deus me ajude! Que Deus te abençoe, “Zé Botina”...
09-08-2004.

Urbanus
NOTA: Zé Botina era o apelido de José Antonio, meu irmão já desencarnado

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A CIGARRA E A FORMIGA

Às vezes a gente se recorda, sem querer, de fatos passados e que, de muito jaziam no sepulcro mental do subconsciente. Causas várias concorrem para que se ocorra esse rememoramento. Um simples assobio, uma gargalhada estrepitosa ou um pedido de auxílio...
Dois desses fatores, creio, me trouxeram à luz do consciente uma fábula velha, velhíssima mesmo. Não que eu a houvesse esquecido. Mas ela esta enterrada no meu jazigo mental, junto com outras idéias – umas alegres, outras tristes – e que constitui essa fábula de cada um de nós – a nossa vida!
Mas, voltando ao assunto. Depois de um dia arduamente trabalhado, eu me recolhia à minha casa. Passando defronte a um dos clubes da cidade, chegou-me aos ouvidos um som de gargalhada estrepitosa, debochada, imoral. Lá dentro, no salão, vários moços dançavam. Mais adiante, perto ainda do local do festim um pobre diabo mendigava. Era um velho!
Não sei por que tal contraste me trouxe a recordação daquela historieta dos antigos livros do curso primário: - a fabula da cigarra e da formiga...
Segui para casa matutando na condição das situações. O velho lamentava-se e os moços divertiam-se...
Hoje e domingo de carnaval. Quantas “cigarras” e quantas “formigas” não haverá na quarta-feira de cinzas?
Tenho esperança que os filhos do meu “Chão Preto” leiam a fábula mais vezes e tirem dela uma conclusão proveitosa.

Urbanus

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

DITOS POPULARES

Há certos anexins (1) que necessitam, pela força das circunstâncias modernas, serem alterados, de vez que não traduzem, com realidade, o sentido que, de início, lhes foi dado.
Vejamos hoje, por exemplo, um desses ditos populares: - passar a pão e banana.
Quando se empregava esse ditado ao referir a alguém, era porque, de fato, o indivíduo era pobre, “pobre que nem tatu”...
Todavia, as coisas mudaram... Passar a pão e banana, hoje em dia, deixou de ser um dito indicativo de pobreza, de miséria. É sinal de riqueza, de opulência! Quem, senão os “empelegados”, pode comprar, com o preço atual, uma ou duas dúzias de bananas? E dizer-se que a banana é uma fruta quase que nativa das zonas quentes como a nossa...
E o pão? Quando o rifão a que me aludo ainda tinha valor, a gente comprava, naqueles tempos (Ah! Se a vida fosse assim!) por 200 réis, isto é, 20 centavos, o pão que hoje pagamos 2 Cruzeiros!
Talvez possam argumentar para justificar, o “jus argumentandi” dos que não acham solução para nada, que a vida encareceu e que em vista disso as autoridades nada podem fazer... Concordo! Mas pergunto: de quem é a culpa pelo encarecimento da vida? Parece-me, salvo melhor juízo, que é das autoridades. Assim cabe a elas fiscalizar e controlar o descalabro dos preços. Pelo menos do pão e da banana...
Enquanto isso, aqui no “Chão Preto”, proponho uma alteração naquele ditado: quando quisermos nos referir a alguém que“passa fome” dizermos: “Fulano passa a folha de gravatá e de sucupira”, pois ambas as folhagens existem de sobra por essas beiradas...

Urbanus

NOTA DO EDITOR: (1) anexim1 (ch). [Do ár. an-na8Cd, ‘canto’; ‘hino’; ‘poema’.] Substantivo masculino. 1.V. provérbio (1): “um marido; não desses que justificam o anexim: — nunca falta um chinelo velho para um pé doente — mas um marido regular, capaz de direitos e obrigações.” (França Júnior, Folhetins, pp. 626-627). 2.Dito sentencioso. (in Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 6.0 © 4ª Edição de O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, atualizada e revista conforme o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 7 de maio de 2008, contendo 435 mil verbetes, locuções e definições. ©2009 by Regis Ltda.

Fernando Canôas

terça-feira, 3 de agosto de 2010

CARIDADE

Uma das virtudes teologais de mais difícil cumprimento, talvez seja a caridade.
Não quero me referir ao ato ostensivo de se enfiar a mão no bolso e dele retirar do meio de várias “pelegas” de 500 o 1.000 Cruzeiros, uma miserável “paragnaia” de 1 ou 2 Cruzeiros, para dar a um pedinte qualquer. Não! Não é a esse farisaico proceder que me refiro. Quero focalizar a caridade despretensiosa, a caridade pura, a que nos vem do fundo da alma e que cheira a incenso. Podem querer mudar-lhe o nome, chamando-a de solidariedade humana ou espírito de colaboração, de cooperação, etc. Entretanto, sempre será, no meu dicionário, caridade.
Várias oportunidades temos nós, próprios mortais, de compartilhar desse manjar tão sublime como o que se deliciava com primazia o Divino Mestre.
Hoje mesmo, aqui no meu “Chão Preto”, todos terão uma excelente ocasião para se deleitarem com o prato da mesa do Mestre e, por outro lado, propiciarem à carcaça um prazer material. Explico-me: realizar-se-ão hoje dois embates esportivos em benefício de um pobre rapaz atingido por grave moléstia. Um encontro futebolístico e uma partida de “bola ao cesto”.
Com uma parcela insignificante desviada do nosso orçamento para o cinema, o para outra futilidade qualquer, poderemos minimizar o sofrimento de um ser humano.
Daqui da minha obscuridade, lanço um apelo as filhos desse meu “Chão Preto”; pratiquemos hoje um pouquinho de caridade, contribuindo para a iniciativa de se ajudar a um enfermo. Deus, por certo, saberá nos recompensar.

Urbanus

sexta-feira, 23 de julho de 2010

DO FUNDO DO BAÚ

Hoje, enquanto aguardava o horário para ser atendido por um juiz, fiquei no meu escritório mexendo, ou melhor, revirando a caixa onde estão as crônicas do meu pai. Organizei algumas folhas datilografadas, referente a outras colunas que ele assinava. “UM ASSUNTO EM FOCO”, “A SEMANA EM REVISTA” e “O COMENTÁRIO DO DIA”. Separei os vários cadernos, cerca de umas cinco ou seis brochuras, com aproximadamente cem (100) folhas cada. Todas manuscritas por ele, e sempre se referindo à cidade que era a sua paixão, Barretos (SP), ou como ele dizia: “O meu Chão Preto”. Além desses manuscritos e das cópias carbonadas, vi, pela primeira vez, um caderno de contos (pequenas historietas), algumas cartas, poemas e poesias. Vi, que terei um bom trabalho. Mas valerá a pena! Diante dessa constatação, - nunca tinha parado prá pensar no volume, no número de páginas que o papai havia escrito – resolvi rever o cronograma, das postagens aqui nesse Blog. Sei que ainda, por problemas profissionais, não consegui cumprir o que havia programado: postar um trabalho por dia. Agora vi que JAMAIS conseguirei, pois quem conheceu o papai, sabe como era a letra dele (é necessário traduzir, ter conhecimento de medicina, farmacologia, ou mesmo ser um especialista em hieróglifo)! Amigos creiam, o trem é brabo! Assim, resolvi ir ao poucos, vou traduzindo e postando...
Conto com a adesão de vocês! Sigam esse Blog!

Abraços,
Fernando Canôas

terça-feira, 20 de julho de 2010

MARRECO

Há indivíduos que o povo costuma chamar de doidos, de tarados ou de lunáticos. Entretanto, quantas vezes, não vemos um desses pobres diabos expenderem um conceito ajuizadíssimo, preciso e que faz inveja a quantos se dizem ou se têm na conta de normais e de inteligentes? É justamente a observação de um desses tipos que pretendo focalizar hoje.
Encontrei defronte a “Casas Pernambucanas”, outro dia, um infeliz que a molecada chama, não sei por que, de “Marreco”. Ele descia e eu subia. Quando cruzamos, bem perto daquele reclame permanente de todas as “Pernambucanas”, - o guarda em posição de continência – o “Marreco” se dirigiu a mim dizendo: “Eis aí um soldado sempre alerta! Sempre cumprimentando os fregueses... Na chuva ou no sol!
Estupenda observação! Todos os dias eu passava por ali e ainda não tinha reparado na posição do militar de fancaria. Fiquei então pensando na astúcia do “Marreco”. Ele, apontado como desequilibrado por todos, descobria, e observava fatos. O que seria, pois o conceito que os indivíduos como ele, formaria de nós antes, os chamados normais?! Naquele dia, com certeza, ele se divertiu à valer à minha custa, vendo a cara de espanto que fiz ao ouvir a sua observação... Parece que ele me viu tão abstrato subindo a rua e adorou a imobilidade e a inércia do boneco de lata fosse mais vivo que eu.
Penitencio-me, “Marreco”! Mas tenho um grande, um enorme consolo: quantas sentinelas de fato existem por esse mundo afora que também não enxergam o descalabro que campeia por todas as paradas?

Urbanus

PANORAMA DE BARRETOS

Há poucos dias, à noite, vislumbrei um espetáculo belíssimo. São dessas coisas que gravam em nossa retina, e, passadas horas, dias, meses e até anos, ainda temos presente a cena que nos impressionou. Talvez fosse a minha boa vontade com os panoramas desta querida Cidade... Contudo, outras pessoas também se impressionaram e vieram falar-me daquele quadro. É um acontecimento habitual de todos os dias, mas que tem o poder de extasiar a nossa vista. Creio que quase todo mundo já teve a oportunidade de presenciar o mesmo panorama, a mesma paisagem, mas talvez, não tenha tido a curiosidade em emprestar a vista um pouquinho de poesia. Quem, por infelicidade, ainda não viu uma cena com que se enternecesse tanto, pode ainda remediar o mal e oferecer à alma um quadro singelo e de uma beleza ofuscante. Uma tela que Rembrandt gostaria de ter assinado. E é fácil a todos se deleitarem com essa pintura que a natureza nos oferece todas as noites. Ao escurecer, basta tomar um automóvel e dirigir-se à Estrada Nova de Colina. Antes de entrar na Rodovia propriamente dita, faça parar o veículo e observar lá embaixo a Cidade, o meu “Chão Preto”! É um espetáculo maravilhoso. Aqueles inúmeros pontinhos de luz iluminando a escuridão da noite! À mim parece um lago calmo, no qual se refletem as estrelas do céu. A cena é magnificente. Vale a pena ser vista!

Urbanus

segunda-feira, 19 de julho de 2010

A MISSA DAS CRIANÇAS

Uma das coisas que mais me satisfaz e mais me reconforta o coração é a missa das 9 horas, aos domingos. Dá gosto a gente ir à Igreja para vê-la plena de meninos e meninas separadas em classes dirigidas por piedosas catequistas, ostentando vestes domingueiras. Dentro da casa do Senhor, não param aquela garabulha tão própria da infância. Soa a sineta no Altar Mor: Entra paramentado o sacerdote que celebrará o Santo Sacrifício. No púlpito, o Padre Paulo conclama os petizes para silenciarem e prestarem atenção à missa que está se iniciando. Aquele zumbido de mil vozes cessa quase que todo. O Padre Paulo vai então explicando as partes do Sublime Oficio. De vez em quando ele emenda um conselho, uma advertência, que tanto serve para os pequeninos assistentes como para os adultos presentes. Quando a criançada na sua natural inquietação, começa a se impacientar nos bancos, o Padre recorre à música. Escolhe uma página de um livrinho de Cantos Sacros. E um grupo de meninas mais crescidinhas inicia um hino. Cantam um estribilho e os demais, os pequeninos, as catequistas, alguns adultos mais piedosos e o próprio Padre, respondem com o coro. É extraordinária essa missa das 9! No que se diz à freqüência, é a número 1. A Igreja fica completamente cheia. Há gente até nas escadas, nas portas e até na rua defronte à entrada principal. Quem, como muitos, chegar atrasado alguns minutos, têm de se conformar e ficar do lado de fora. É a Missa das Crianças! Não sei desde quando é rezada especialmente para os pequeninos filhos desse meu “Chão Preto”. Só sei dos benefícios que ela nos traz e da alegria que nos proporciona. Quando termina o Santo Sacrifício, em ordem, saem as classes cantando e evocando ora a proteção dos Céus, ora oferecendo seus coraçõeszinhos a Jesus. E, submisso, também digo, oh meu Jesus proteja o meu “Chão Preto”!

Urbanus

NEGRO VELHO

Uma cena simples de rua há poucos dias, feriu minha observação. Eu descia despreocupadamente a Rua 20, quando tive a atenção despertada pelo vulto de um pobre esmolador que também vinha descendo rua abaixo.
Era um pobre negro velho. Os cabelos inteiramente encanecidos e as pernas trôpegas.
Calçava um desses chinelos de pano, marca “Roda” se não me engano, e que o povo chama, na sua linguagem pitoresca de “pé de cachorro”. Um chapéu desabado e sujo protegia o pobre crânio dos rigores da canícula.
Trajava um terno roto em alguns lugares e mal remendado em outros. A tira colo trazia um saco, no qual, com carinho, guardava as esmolas recebidas.
Pobre negro velho!... Eu o conheci em melhores dias. Chama-se, se não me falha a memória, Maximiliano. Morava lá pelos lados da Vila Baroni.
Naqueles tempos, era um touro de forte. Era pau para toda obra. Fazia qualquer serviço. Carpia, limpava quintais, recolhia e rachava lenha. Não havia angico ou capitão que resistia ao embate forte e seguro de suas machadadas...
Defendia assim, honestamente, o seu pão de cada dia.
Saía de casa quando brilhava a Estrela Dalva e só voltava quando a Vésper começava a coriscar.
Pobre Maximiliano!... Hoje, o teu velho corpo deixou de resistir às machadadas do destino.
A doença e a velhice atingiram de rijo e partiram a tua resistência. Andas combalido pelas ruas desse nosso “Chão Preto”, mendigando um pouco daquilo que sobra aos outros.
Dei-te uma esmola, vi nos teus olhos altaneiros de homem honesto e trabalhador, o sinal da dor e do sofrimento.
Deus te ajude, meu pobre negro velho!...

Urbanus

domingo, 18 de julho de 2010

CRÍTICAS

Porque será que a gente muitas vezes não se conforma com aquilo que tem?
Se a temperatura está quente, logo clamamos contra a inclemência da estação. E, uma frase obrigatória é lançada: “antigamente era assim”, ou, então, “os tempos estão mudados”.
Quando a vida está difícil, logo encontramos um que deva pagar pelos pecados de todos.
Aqui, no “Chão Preto” também é assim. Nem podia ser de outro modo.
Clamas-se contra uma porção de coisas erradas. Criticam-se inúmeras falhas neste ou naquele setor da vida da cidade. Entretanto, esses reclamos, essas críticas são perniciosas porque se limitam no apontar, no evidenciar o que não está certo. Não seria muito mais lógico mais humano e, porque não dizer, mais patriótico, se procedesse de uma forma diferente e mais construtiva, como seja a indicar o ponto fraco na engrenagem administrativa, sugerindo remédios próprios para cada caso?
Assim, talvez, poderíamos ter um governo mais eficiente em benefício de todos.
Uma das grandes vantagens da democracia, é, justamente, essa liberdade de cada um dizer o que pensa nem que seja contra os governantes.
Cabe-nos uma grande parcela de responsabilidade, portanto, quando expendemos qualquer crítica desabrida aos poderes constituídos.
Praza a Deus que aqui no “Chão Preto” os críticos tenham o senso da responsabilidade e apontem com espírito superior os defeitos da administração desta Terra de Chico Barreto.

Urbanus

sábado, 17 de julho de 2010

O EQUILIBRISTA

A nota mais interessante, pitoresca e humorística da cidade foi dada a semana passada, por propagandista original. Equilibrando-se magistralmente em um monociclo, corria, fazia curvas fechadas, colocava e apanhava garrafas do chão, tudo sem desmontar-se de seu estranho veículo. O povo acorreu para ver aquele prodígio de acrobacia.
E lá ia o espetacular ciclista oferecendo aos circunstantes uma verdadeira exibição circense, entremeadas de um pregão de propaganda comercial.
A gurizada e mesmo os adultos deleitaram-se com o espetáculo.
Como é esquisito esse mundo! Quanta gente não consegue equilibrar nem em quatro rodas. E aquele malabarista fazendo misérias em uma só!...
A esquisitice não para aí, ao passo que grande número de pessoas ganha a vida numa folga enorme, o pobre equilibrista tem de pedalar, que equilibrar, que dar espetáculo, que anunciar as qualidades excepcionais deste ou daquele artigo, que apregoar a “formidável” remarcação de preços, desta ou daquela casa comercial, para defender uns poucos caraminguados e com eles equilibrar – oh! Triste sina! – as necessidades do organismo e a exorbitância dos preços atuais.
Como seria bom se a gente conseguisse um equilíbrio como aquele nas nossas missões.
Mas, se assim fosse nada de extraordinário haveria na exibição daquele equilibrista.

Urbanus

PRAÇA DE ESPORTES

Muitas vezes a gente ouve reclamar-se que aqui nada temos. Não se tem aonde ir. Comenta-se que Barretos se resume na Praça Francisco Barretos, nos cafés do centro, no Grêmio ou cinema.
É um disparate fazer tais afirmações. Temos aqui inúmeros passeios. Depende da gente querer encontrá-los. São recantos plenos de beleza natural. As vezes o homem ajuda um pouco e, com prodígios de engenharia, consegue modificar o panorama.
Vejamos, hoje, por exemplo, um magnífico passeio: a praça de esportes do Grêmio.
É dos lugares que a mão do homem transformou. Quem conheceu aquele lugar há 10 anos, desconhece-o hoje. A velha caixa d’água que distribuiu por tanto tempo o precioso liquido à cidade, tornou-se agora um quiosque, no qual, em dias de festas, a mocidade do meu “Chão Preto” se diverte dançando.
O parque infantil propícia a meninada, horas esquecidas de folguedo. A piscina, a velha piscina do Dr. Neves, refrigera e fortalece a juventude. No fundo da praça de esportes, há um pequeno campo de futebol, onde se disputa, aos sábados principalmente, empolgantes pelejas.
Na frente, duas quadras magníficas de tênis constituem a sala de visitas da praça. Nelas esportistas do escol, cavalheristicamente, disputam os “sets” e os “games”.
A praça de esportes do Grêmio é, sem dúvida, um grande passeio. Olhando, ora um esporte, ora outro, não vemos o tempo passar. E quando voltamos ao nosso lar, sentimos uma euforia estupenda. É que a alegria é contagiante e, na praça de esportes, o ambiente é alegre.

Urbanus

PROGRESSO II

Tive a poucos dias, oportunidade de comentar aqui nesta coluninha, o progresso deste meu “Chão Preto”.
A letargia que, durante anos, atacou os filhos da cidade, parece ter produzido um efeito reconfortante no espírito dos Barretenses. A inércia de longos anos, tal como a lei física que rege tal fenômeno, está provocando um movimento de progresso estupendo.
Nos arredores da querida urbes, arados tirados por um grande número de tratores – os cavalos e bois do homem do século XX -, abrem as entranhas exuberantes de múnus da terra para nelas plantar e delas tirar alimento, riquezas agrícolas e progresso.
Na cidade, no teu coração meu “Chão Preto”, calçam as tuas ruas, colocam pontes sob os córregos, constroem casas elegantes e ricas.
Agora, mais um melhoramento está sendo introduzido na vida da cidade: - o serviço regular de ônibus.
Os pontos distantes do centro estarão agora mais próximos. As rodas de possantes ônibus trarão diariamente ao trabalho inúmeros empregados, operários e funcionários.
A tarefa de muitos será assim amenizada, graças ao progresso que os filhos do meu “Chão Preto” vêm nos trazendo.
É entusiasmante a gente ver como os estranhos admiram a pujança econômica e o desenvolvimento urbanístico deste recanto querido.
Daqui do meu posto de observação, observo e fico rezando, pedindo à Deus que não deixe esfriar a onda de calor progressista que vem assolando o meu “Chão Preto”.
Urbanus

sexta-feira, 9 de julho de 2010

A REVOLUÇÃO DE 1930

Nos seus 11 anos, Pedro não conseguia entender aquelas conversas de seu pai, que era dentista, com os seus pacientes. Eles falavam numa linguagem estranha para o menino, comentando nomes desconhecidos: - João Pessoa, Getúlio Vargas, Olegário Maciel, Antonio Carlos, Washington Luiz, Júlio Prestes, Armando Sales, Juarez Távora, Mena Barreto e tantos outros que ele não sabia quem eram, pois não freqüentavam sua casa.

De vez em quando, ele via os irmãos de sua mãe, os seus tios fazendeiros, coronéis da política, como ficou sabendo mais tarde. Eles vinham prá conversar com a irmã, a dona Euletéria e, às vezes, para tratarem dos dentes com o cunhado, o seu Plínio. Então, o assunto esquentava, pois nem sempre o seu Plínio concordava com as teses políticas. Mas, não havia brigas: - era só uma discussãozinha besta...

O menino, brincando com uma piorra quebrada, ficava ali, feito bobo, sem entender nada... O pior de tudo era quando o seu irmãozinho caçula queria também brincar, pois os dois gostavam da mesma piorra... Gritos pra cá, choros pra lá, empurrões, tapas, etc. que dona Euletéria, com muita sapiência, acalmava com umas boas chineladas...

Pronto. Mas, lá dentro do gabinete dentário do seu Plínio, a prosa continuava quente: - Olha aqui, Plínio, falava um dos tios. A eleição vem aí e nós precisamos de apoiar a Aliança Liberal. O Antonio Carlos é amigo da gente e ele quer que o Olegário Maciel seja eleito Presidente de Minas...

- É... Tornava o seu Plínio. Mas, o povo não está satisfeito... A crise tá forte e ninguém quer votar...

- Nós precisamos do Olegário Maciel na Presidência, porque ele prometeu nos dar uma mão nos nossos negócios... Você sabe que nós gastamos muito dinheiro e as nossas fazendas estão garantindo os empréstimos que fizemos no Banco Hipotecário... O Osvaldo Borsato, o gerente local, nos falou que o Banco já deu ordem para executar a nossa hipoteca.

- Mas, retrucou o seu Plínio, como controlar a vontade do povo?

- Ora, Plínio, a gente dá um jeito nessas pequenas coisas. Sentenciou o tio Sinhô.

Plínio, apesar de não concordar com o cunhado, preferiu ficar calado.

Passados alguns dias, Pedro viu chegar à sua casa um livro grande, trazido por um empregado da fazenda do Coronel Sinhô.

Pedro não entendeu o que o empregado falou com seu pai. Mas, desconfiou que era alguma coisa estranha, porque os dois homens falavam baixinho e gesticulavam muito.

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Aquela manhã estava movimentada. Gente andando depressa. Na esquina, havia um ajuntamento de pessoas, com roupas domingueiras. Homens de chapéus. Mulheres com luvas e chapéus.

Pedro, curioso, perguntou à sua mãe se era dia de ir à missa.

- Não, meu filho. Hoje não é Domingo, não. É dia de eleição.

- Eleição, mãe? O que é isso?

Dona Euletéria tentou explicar, a seu modo. O menino fez uma careta, como a dizer que nada tinha entendido.

Às 8:00 horas, chegaram os tios, todos enfatiotados. O mais velho, o tio Sinhô, que dona da casa chamava de Nhô, depois dos cumprimentos habituais, chamou Pedro, dizendo:

- Vem cá, menino. Assenta aqui no meu colo e conta uma coisa: - você já cagou hoje ?

Pedro vermelho de vergonha, respondeu encabulado: -

- Não, senhor...

O tio, com cara de riso, retrucou:

- Então vá cagar, seu porco...

Pedro queria morrer de raiva. Que velho mais besta, pensou. Por que ele não vai à merda? Só pensou...

O velho tio continuou:

- Você quer ganhar uns cobres?

- Quero, sim, senhor...

- Então, presta atenção: - você está vendo aquele livrão, ali, em cima da mesa?

Pedro reconheceu o livro que o empregado da fazenda tinha trazido dias atrás. Sacudiu a cabeça, em sinal afirmativo.

- Pois é... Você sabe escrever? Pedro balançou novamente a cabeça. Hoje de tarde, eu vou te chamar, continuou o tio, e vou mandar você escrever uns nomes, tá bem? Cada nome que você escrever, você ganha 200 réis... O menino assentiu com os olhos brilhantes.

À tardizinha, o tio Sinhô chamou Pedro e, abrindo o livro, mostrou uma linha e disse:

- Escreva ai: - Sebastião dos Santos. O menino com certa dificuldade, pois ele estava no 3º ano primário, desenhou o nome ditado, letra por letra, pelo tio...

Ao todo, Pedro “desenhou” 25 nomes. Ganhou 5 mil réis... Uma baita nota...

O livrão era o livro de registro de votação. Pedro tinha votado 25 vezes, aos 11 anos de idade...

Só muito mais tarde, ele soube disso. Eleições desonestas para eleger homens honestos... Era um bordão... Bons tempos... Bons tempos... Que saudade!...

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As eleições gerais transcorreram em clima de tensão. João Pessoa, o candidato a vice-presidente da República, na chapa de Getúlio Vargas fora assassinado.

A apuração, voto contado à mão, um a um, foi demorada e, afinal, a chapa liderada pelo Presidente do Estado de São Paulo, o Dr. Júlio Prestes de Albuquerque foi declarada vencedora.

Os gaúchos, paranaenses, nordestinos e os mineiros não aceitaram a decisão das urnas, alegando fraude... Logo quem!... Sob essa sólida argumentação, arregimentaram as forças militares de seus respectivos Estados, partiram para o confronto armado: - era a Revolução!

PRP... AL... A sigla não importava. O que era importante era o Poder e ninguém gosta de perdê-lo, mesmo que fosse apenas uma expectativa...

Os soldados, peças de manobra dos poderosos de então, foram mandados para as trincheiras. A coisa pegou fogo. Os aliados (ou comparsas?!) de Getúlio Vargas, mais numerosos, iam sufocando as tropas legalistas.

Pedro, na limitação de sua idade, não alcançava bem a extensão do conflito. Ouvia falar de lutas nos limites do Estado de Minas com os do Estado de São Paulo... Mas não compreendia ainda o porquê dos acontecimentos. Como a cidadezinha onde morava ficava próxima ao Rio Grande, fronteira entre os dois Estados beligerantes, ele ouvia, ainda que abafado o som dos tiros trocados entre os combatentes. Um dia, ele escutou que os paulistas tinham atravessado o rio e haviam tomado a fazenda do Coronel Salgado. Foi um reboliço na cidade. Todo o mundo comentava o assunto. Deveria mesmo, pensava, ser uma coisa do outro mundo...

Seu Plínio tinha o hábito de, todos os sábados, à noite, levar a família ao único cinema que existia na cidade. E, lá iam todos para assistir ao filme em cartaz: - O Rei da Selva, versão primitiva dos filmes de Tarzan, mas, com as mesmas aventuras do menino que fora criado pelos macacos. Pedro, na sua maneira de entender, adorava aquelas peripécias da macaca Chita, principalmente.

Naquele sábado, a família do dentista ia, como de costume, ao cinema: - seu Plínio e Dona Euletéria, de braços dados, atrás e a meninada, na frente, correndo e fazendo aquela algazarra dos diabos... Quando passavam defronte à casa da Dona Luíza Ferreira, uma velha bisbilhoteira que policiava a vida de todo o mundo, a tal gritou histérica:

- Seu Plínio... Seu Plínio... Escute a última. E, sem esperar, sapecou: - Os mineiros reganharam a ponte!

Seu Plínio, que era um purista do vernáculo, logo compreendeu que a velha senhora queria dizer que “as tropas de Minas, em batalha, na fronteira de Minas com São Paulo, tinham RECONQUISTADO a ponte sobre o Rio Grande...

Fatos... Reminiscências...

A reconquista daquela importante ponte, que até hoje limita os Estados então beligerantes, foi logo anulada pelas tropas federais, pois logo se teve a notícia que os “paulistas” marchavam para a cidadezinha em que Pedro morava.

Foi um corre-corre danado! Era gente fugindo pra todos lados!...

O irmão-gêmeo de Dona Euletéria era, ao tempo, o Presidente da Câmara Municipal, cargo equivalente ao de Prefeito de hoje. Como era “coronel” da política e homem de forte prestígio, mandou logo um caminhão buscar a família da irmã para levá-la a refugiar-se na sua Fazenda, chamada de “Engenheiro Lisboa”, em homenagem um engenheiro da Cia. de Estadas de Ferro Mogyana que, em suas terras, tinha construído uma estação.

Foi uma “festa” só!... A dona Euletéria, com “seu” Plínio na boléia do caminhão que fedia prá danar, pois, tinha sido usado para transportar porcos e ainda não sido lavado, e a meninada toda, inclusive Pedro, na carroceria, fazendo uma bagunça dos diabos...

A chegada na Fazenda foi um acontecimento: - a parentada toda veio receber os refugiados: - a tia “Lúdica”, apelido de Dona Eliza, esposa do dono da Fazenda, o tio “Euripinho”, apelido carinhoso e familiar do Cel. Eurípedes França, convocou a criadagem toda, pois eles eram ricos e tinham muitos criados, para acomodar os “fujões” naquela casa enorme da propriedade.

A meninada ficou localizada num grande armazém, no qual se espalhou vários colchões no chão. Cada um tinha o seu. Pedro quis ficar perto do colchão da Dulce que era uma espécie de “cria” da D. Euletéria e que cuidava dos menores.

Além do mais, o menino gostava de dormir encostadinho na Dulce, pois que, ele sentia o calor dela, e percebia os seus peitinhos a lhe espetar, pois que, naquela idade, a sensualidade já começava a aflorar. Então, ele achava engraçado o seu pequeno pênis ficar duro e... Ia encostando cada vez mais na Dulce. Esta, por sua vez, já moça feita de seus 17 anos, também não estava “morta” e, sempre que isto acontecia, ela segurava o “pinto” do menino e começava a passá-lo nas suas partes pudendas, além de levar as mãos do menino para segurar os peitinhos já bem salientes e durinhos. Ah! Como Pedro se deliciava... Até que a empregadinha soltava um longo suspiro seguido de um estremeção e lhe dizia: - “Agora chega... Vamos dormir... ”Ah! Agora vamos dormir...” Ah! que coisa boa!... O menino, sem saber porque, continuava a segurar com u’a mão um dos peitinhos e, com a outra, procurava aquela parte cabeluda que a Dulce tinha entre as pernas e, coisa estranha, estava bem molhada... O seu “pintinho” ficava durinho e ele não conseguia mais dormir de bruços, como era seu costume. Que tempos! Que tempos!

A Revolução durou até quase o final do ano. As noitadas eram sempre as mesmas.

Pedro não queria outra vida! Numa noite, Dulce tomou a iniciativa de encostar no menino. Ele, desde logo notou que ela estava nua. Que sensação! Sem ser solicitado, ele foi logo segurando aqueles peitinhos durinhos Ai, ela falou: - “Vem mais pra perto... Põe a sua boca aqui, no meu peito e chupe um pouquinho, como se você estivesse mamando...” Pedro achou aquilo estranho, mas obedeceu... Que coisa gostosa! Chupou... Chupou... Muitas e muitas vezes... O seu “pinto” ficou duro feito pau... Dulce, então, carinhosa, afagou a cabeça do menino e... Devagarinho pegou o seu “pinto” e levou-o diretamente ao meio de suas pernas, naquele emaranhado de cabelos, onde Pedro percebeu que tinha uma espécie de rachadura toda molhada... Dulce colocou o “pinto” do menino para o meio daquela rachadura e disse baixinho: “agora, empurra esse pinto com força...” Pedro, sem entender bem a estória, obedeceu e, então notou que o seu “pinto” tinha entrado num buraco todo molhado... Dulce gemeu um pouquinho e disse: - “Vamos, menino, empurra mais com força que eu estou gostando... Ai, Pedro, que bom... Ai!... Eu vou gozar... Goza, também, menino... É gostoso, você vai ver...”

Pedro não gozou, mas achou bom pra danar e disse devagarinho: - “Que coisa boa! Amanhã eu quero mais.“ “Amanhã, não, disse a moça. Mais tarde, quando todo o mundo estiver dormindo, nós vamos fazer mais. Eu estou “louca” de vontade... Eu quero gozar mais. É muito gostoso!”

Naquela noite, Pedro quase não dormiu. Quase toda hora, Dulce queria que ele chupasse seus peitos e lhe enfiasse o “pinto” no buraco...

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Os tempos passaram.

Getúlio Vargas ganhara a Revolução e se tornara Presidente da República. Fez um “rebu” dos infernos no País: - destituiu os Presidentes dos Estados e nomeou Interventores. Para Minas, ele nomeou o Benedito Valadares.

Os seus tios, velhas “raposas” da política, de um arranjo aqui, outro acolá, foram se acomodando à nova situação... É sempre assim, como mais tarde, Pedro compreendeu.

A questão das dívidas dos seus tios, foi resolvida por um “arranjo” amigável com o Departamento Jurídico do Banco credor que, num “golpe” de mestre, vendeu as propriedades para seus filhos mais velhos, por um “precinho” de pai pra filho... É sempre assim!

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Só aos 13 anos que Pedro entendeu que tinha “comido” a empregada. Mas, não desistiu da tarefa. Toda a noite, depois que o pessoal da casa já dormira, ele ia devagarinho para a cama da Dulce e “mandava bala”. Nessa época, o seu pênis já era maior e mais grosso e ele começava a gozar. Dulce que era mulata e, com tal, muito fogosa, não rejeitava as “visitas” noturnas do seu “menino”. Numa noite, ela lhe disse: - “Pedro, agora nós precisamos parar... Você está ficando homem... O seu pau tá bem grande e grosso e você já está gozando... É muito perigoso...” “Como assim, perguntou” o rapazinho. “Olha, você pode me engravidar... Ai a “coisa” fica preta pra nós dois...”

Pedro quis reclamar, mas acabou aceitando a argumentação. Todavia, vez por outra, Dulce, às escondidas, sem que ninguém percebesse, falava baixinho pra Pedro: - “Hoje, eu ti espero... Não se esqueça... Estou “doida” de vontade...” Pedro não se furtava ao convite.

E assim foi até que apareceu um homem que se engraçou com a Dulce e com ela se casou. Nunca mais, Pedro se encontrou à noite com Dulce.

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Mas, voltemos, à “revolução”...

Pedro ouvia os mais velhos falarem dos acontecimentos. Um general nortista chegara à cidade para comandar os sediciosos: - era uma tal de general Rabelo ou Rebelo.

Era uma “festa” ... Os soldados “requisitando” alimentos, frangos, porcos, “o diabo a quatro” ... E ninguém pagava... Era uma beleza... Tudo em nome da “revolução”!

Os descontentes formaram uma espécie de “exército” formado de agregados rurais para combater os desmandos. Mas, as tropas do general eram melhor preparadas e puseram para correr os locais que, demandaram e ficaram conhecidos como os “quebra-mandiocas”, porque nas poucas refregas havidas, os inimigos do general fugiam desordenados pelos mandiocais existentes nas fazendas e iam se esconder da sanha dos militares nos grotões e nas grutas existentes em profusão nas zonas rurais.

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Getúlio Vargas tomou posse do governo e exilou o antigo Presidente da República, o Dr. Washington Luiz, um velhinho de cavanhaque branco. O novo “dono” do Palácio do Catete, no Rio de Janeiro, estabeleceu uma ditadura, na qual só ele e sua família mandavam.

Antes de ir para o Rio de Janeiro, Getúlio, que era gaúcho, quis humilhar os paulistas, e, num arroubo de vencedor, montado a cavalo, entrou na cidade de São Paulo, com um lenço vermelho no pescoço, “apeou” de sua montaria em frente do Palácio do Governo paulista, e amarrou seu cavalo num poste defronte à sede da sede do Governo vencido. Coisas de gaúcho... Pura “gauchada”!...
Urbanus


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Comentário: Eis uns dos muitos causos de Urbanus! O velho Canôas, mescla nesse mini-conto, realidade e ficção. O que é realidade? O que é ficção? A história nos diz o que é ficção, e, se compararmos a estória, veremos que a ficção faz parte de tudo! O que não muda, nesse Brasil é a política sempre cheias de mumunhas!!!

Fernando Canôas

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Nota do editor

Como estão vendo... ou melhor, lendo, hoje estou publicando mais quatro crônicas sendo apenas uma da série CHÃO PRETO, como que redimindo-me, e até mesmo para seguir o cronograna que estabeleci: postar uma crônica por dia!
Abraços a todos os seguidores do Blog, e o meu muito obrigrado pelo prestígio.
FERNANDO CANÔAS

A PRAÇA

Ele bebia...
A tarde passava perto da noite.
Dentro de instantes a pracinha encheu de gente.
Um bando de rapazes passou.
O copo de cerveja estava quase vazio.
As moças da noite passavam com as suas saínhas curtíssimas,
A lua apareceu cheia e namorava as estrelas.
O seu pensamento pesava sua cabeça.
Nada tinha sentido.
O banco da praça era duro.
A morena chegou perto dele.
Os seios da moça quase saiam do decote.
Ela rebolou sacudindo os mamilos.
Era um convite.
Ele fechou os olhos.
Estava bêbado.
Nova sacudidela.
Então, ele agarrou aqueles pombinhos acanhados.
Acordou de manhã cedo deitado no duro banco.
O copo de cerveja estava no chão, vazio.
A morena... A morena.
Bom, deixa isso prá lá...
25-10-07
URBANO FRANÇA CANÔAS
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A PITONISA

A curiosidade para as coisas do futuro é, em alguns casos, uma verdadeira paranóia. Os que sofrem dessa ansiedade são aqueles que não têm uma boa formação religiosa, pois que, no vídeo da nossa passagem pela Terra estão gravadas as cenas da nossa vida pregressa, da atual e da futura.

O Criador, na Sua Infinita Misericórdia, revela-nos apenas os lances atuais. Mas, nós queremos saber o futuro, sem nos lembrar que esse futuro é o reflexo dos nossos atos de ontem e dos de hoje.

Ninguém tem o dom de levantar a cortina que cobre o amanhã, pois se o tivesse, as coisas seriam muito fáceis...

Quando eu era rapazinho, consultei uma cartomante. Coisa de gente imatura. A pitonisa vendo uma aliança na minha mão direita (por inexperiência, eu tinha esquecido de tirá-la), disse-me:

- Meu filho, não case! Esse casamento programado não dará certo e logo será desfeito.

Pois bem. Casei-me. Já fiz Bodas de Ouro... Acho que a pitonisa tinha alguma filha casadoira... Ou será que ela mesma não estava interessada no rapazinho de então?!

Cartas?! Só as de amigos ou de parentes...
URBANO FRANÇA CANÔAS

A MINHA JANELA

A minha janela é como uma televisão da vida cotidiana da minha rua. Por ela, eu sigo as novelas que se desenrolam defronte à minha casa. Vejo as comédias e os dramas da vida.
Ontem choveu. Vi, então, alguns garotos andando na enxurrada. Lembrei-me da minha infância de menino pobre: - nos dias de chuva era uma festa! A gente fazia barquinhos de jornal e, com eles, apostava “corrida” na correnteza das águas barrentas, Naqueles barquinhos, navegavam os nossos sonhos...
A janela, depois da chuva, mostrou-me um mendigo cheio de sacos, todo molhado... Ele não colocava barquinhos na enxurrada... Ele não navegava em seus sonhos... Ele tinha – Oh, Deus! – a realidade no pesadelo da miséria!
URBANO FRANÇA CANÔAS

PRJ-8 INFANTIL

É um angustiante problema da atualidade, a educação das crianças.
Quantas páginas, quantas conferências e quantos artigos não têm sido escritos com a intenção de traçar uma linha de ação, uma norma de conduta, em que se pautassem pais e educadores.
A dificuldade encontrada em tantos compêndios e, cuja solução muitos deles evitam astuciosamente, - a vitória sobre os complexos de todas as ordens – está sendo vencida de uma forma tão encantadora quanto ingênua, aqui neste meu “Chão Preto”.
Refiro-me ao “programa infantil” que, todos os domingos, às 10 horas da manhã, a estação local, a PRJ-8, lança no ar.
Sob a direção magistral de MARIA ABADIA FRANÇA, que reúne todas as qualidades precisas ao mister, vão brotando inocentes as vozes do Brasil de amanhã.
O sabor da novidade e do prazer de alegrar o coração da mamãe e da vóvó, fazem com que, espontaneamente, um grande número de meninos e meninas, sufoque, para sempre, perniciosos complexos.
As crianças que não tomam parte ativa no programa aprendem do auditório a incentivar e aplaudir os seus companheiros.
Quantas vezes, todavia, irrompe pela ouvinte da platéia um zum-zum de desagrado pela atuação menos feliz de um participante.
Vem então a voz delicada e educadora de Maria Abadia, ensinando a respeitar o fracasso alheio.
O programa infantil reúne assim todos os domingos no salão auditório da PRJ-8, a elite da petizada Barretense.
E, um ambiente de franca alegria, vai pro ar e sai do ar, “O PRJ-8 Infantil”.
Meus parabéns Maria Abadia! E os meus votos que você continue educando moderadamente os filhos desse meu “Chão Preto”.
Urbanus
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NOTA DO EDITOR: PRJ-8 é a atual Rádio Barretos. Saliento, mais uma vez, que escreverei uma nota especial, e atualizada sobre as pessoas mencionadas nas crônicas.
Façam parte da comunidade “Chão Preto” no Orkut:

Fernando Canôas

domingo, 4 de julho de 2010

CHÃO PRETO (Tipos Populares)

Como todas as cidades, temos também aqui, os nossos tipos populares.
São indivíduos estigmatizados por algum defeito de ordem física ou mental, estereotipado pelo sofrimento congênito. Outras vezes, é a marca da doença, da falta de amparo às gestantes, da miséria, da sífilis, enfim, em uma palavra: da infelicidade.
A existência de tais tipos é, de certo modo, uma necessidade em todas as cidades. Eles fazem, na sua tristeza, com que os outros riam e se divirtam, principalmente, a petizada.
Quem não conhece, em Barretos, o Zé? Zé de que, não sei.
É um infeliz alegre. Sempre cantando, ou melhor, tartamudeando uma melodia qualquer, sempre no mesmo ritmo, sempre no mesmo tom!
Não tem parada. Sobe e desce 10, 20, 30, um sem número de vezes a Rua 20, a Rua 18. Entra e sai da igreja. Dentro da casa de Deus, não cessa sua cantoria. Às vezes, faz um arremedo de sinal da cruz ou de genuflexão.
É um inofensivo. A molecada, com ele, não tira partido. Debocham e caçoam dele. Mas, o Zé na sua indiferença filosófica lá vai rua acima, rua abaixo, sempre resmungando, sempre cantando alguma coisa que ninguém entende.
Ah Zé! Como você é feliz na sua infelicidade.
Feliz, porque lhe atingem as ironias e as troças que os infelizes assocam contra você.
Daqui, da minha obscuridade, fico matutando e invejando aquela filosofia genial do pobre Zé.
Urbanus

sábado, 3 de julho de 2010

O PROGRESSO DE BARRETOS

Barretos progride! Nas poucas horas de folga, dou-me ao luxo de fretar uma charrete para percorrer os recantos pitorescos da cidade. Ora, visito a Vila Nova, ora o Aeroporto.
Tanto num ponto como no outro, vejo progresso.
Graças a Deus, meu querido “Chão Preto”, os teus filhos se acordaram.
No Aeroporto, o dinamismo do RUBENS BARONI criou um panorama agradabilíssimo.
Ali, onde há bem poucos anos, havia um matagal, como que uma cabeleira, edificou-se um bairro novo e pleno de habitantes.
Ali, onde ainda ontem se escondiam codornas, é hoje o refúgio, o abrigo e o lar, de um sem números de operários.
Uma inovação foi introduzida no Bairro: - as ruas não são simplesmente numeradas. Têm nomes. Nomes de grandes azes da aviação nacional. Ótima lembrança, pois, além de tirar a frialdade da denominação numérica, presta-se uma justa homenagem aos nossos homens de valor.
E a velha “Vila Nova”? Também ali a aura do progresso vem surgindo...
O ELIAS THOMÉ e REZEK lançaram o primeiro loteamento da Vila.
Onde o cerrado dominava ontem, está hoje pontilhado de inúmeras casinhas...
Bem original foi a expressão do charreteiro – um velho Barretense – que me levou a ver aquele surto de progresso, quando disse entusiasmado: “Ei Chão Preto, tu tá crescendo!... Isso até parece formigueiro...”
De fato. Até parece formigueiro...
É uma colônia imensa de formigueiro. Mas, nele habitam os teus filhos, meu “Chão Preto”. Os teus filhos que te querem bem e que desejam, como eu, o teu progresso!

Urbanus

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Nota do editor

Peço desculpas aos leitores do Blog por não haver postado nenhuma crônica nesses últimos dias, culpo o acúmulo de serviço, mas dou graças à Deus por isso!!! – e essa bendita Copa do Mundo... Ah, ah, ah! O Brasil veste a camisa amarelinha, enquanto os jogadores e comissão técnica embolsam as verdinhas! Kkk.
Abraços a todos, e vamos pegar firme!
J. Fernando F. Canôas

terça-feira, 29 de junho de 2010

CHÃO PRETO...

Iniciamos aqui uma série de crônicas regionais.
Procuraremos espelhar em meia dúzia de linhas os acontecimentos mais pitorescos desse pedaço do Brasil, desse querido “Chão Preto”!

Passamos ainda ontem pelo Natal...
Quem não gosta das festas natalinas?
Para todos o 25 de dezembro encerra um sem números de aspirações.

Desde o menino que espera o Papai Noel, ou mais cristãmente o menino Jesus, até o mais sisudo comerciante que aguarda, com fervor, um bom movimento.

O “Chão Preto” estava regorjeando de gente na véspera do Natal.

A cidade parecia um formigueiro em mudança. Cada habitante, tal as operosas formigas mudadeiras, lá iam carregando o seu volume.

Havia na Cidade um ambiente de expectativa, junto com a “bolada” de 20 milhões da Loteria Federal, sortear-se-ia um espetacular Buick (*) em prol das obras da Santa Casa...

Quantos “brotos” e quantos “vovôs” não tomarão umas liçõeszinhas na “Auto-Escola” do Evaristo (1), na certeza de abiscoitar o estupendo premio.

Corrida a loteria: Oh! Triste desilusão para muita gente...

O “Maquininha” (3), o infernal “Maquininha”, segundo o slogan radiofônico do Nadir (2), foi o contemplado.

Salve! Maquininha! Meus parabéns! Que os postes sejam salvos!
Urbanus

NOTA DO EDITOR: Esta, salvo engano, é a primeira crônica da série CHÃO PRETO. E como diria meu pai, “após uma ginástica mental” e ajuda de minha esposa e de Anita, minha irmã, consegui traduzir o escrito – posto que manuscrito por ele, e inserido num caderno brochura. Hoje prá mim, esse caderno de folhas amareladas, quer como Barretense que sou ou como um orgulhoso filho é um documento histórico de valor inestimável. Somente lamento, que tal iniciativa, a de ver re-publicado os trabalhos de meu saudoso pai, tenha partido de mim, seu filho. Lamento, pois, o tão propalado jargão “Eh! Chão Preto, terra boa é Barretos!” vem sendo usado aos quatro ventos, sem sequer uma menção ao cronista que, com paixão e lirismo, deu dimensão de cidadania, de amor e admiração pelas terras de Chico Barreto. Errê, Chão Preto! Terra boa é Barretos!


NOTAS INFORMATIVAS:
(*) Buick (automóvel da General Motors).
(1) EVARISTO DE PAULA (proprietário e instrutor da Autoescola).
(2) NADIR KENAN (radialista, e político Barretense).
(3) ANTONIO RODRIGUES VIEIRA, O Maquininha (comerciante)

Agradecimentos: Com a ajuda de minha esposa Daniele, e de minha irmã Anita, consegui traduzir essa crônica posto que manuscrita por meu pai Urbano. Daniele ajudou-me a ler e interpretar (a letra do papai era muito bonita, porém de difícil leitura) e a Anita, completou informando-me os nomes completos dos personagens citados na crônica.

sábado, 26 de junho de 2010

A MINHA CANETA

A minha caneta está febril: - ela procura traçar palavras, formar frases para retratar os meus pensamentos mais íntimos e os meus recalcados sentimentos.

Ó caneta indiscreta! Por que você teima em devassar a minha mente? O quê você pretende?

Ah! Já sei qual é a sua intenção: - você quer despir a minha alma, deixando-a desnuda na via pública, aos olhos de todo o mundo... Mas, caneta, minha amiga, você não vê que a neve dos tempos já caiu em minha cabeça? Você não vê que os meus sonhos já se apagaram?

Se você quer, minha amiga e confidente, veja agora o meu coração cansado, este coração que apenas não bate, mas, sobretudo, apanha e, apesar de tudo, ainda palpita e crê na Humanidade, embora, muitas vezes, essa Humanidade não palpite e nem sonhe...

Veja caneta, o quê você fez: - você me tornou um cético. Você não conseguiu a imagem do sonho, mas, você traduziu a realidade da dor, do desespero, da falta de objetividade de uma vida vazia!


Nota: A caneta do poeta está sempre ativa, não importando o tempo.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

67 anos (Na roda da vida)

Inicio hoje, pedindo desculpas por minha falha, pois na publicação do dia 23/06, no tópico “Quem era Urbanus?”, disse que meus pais se casaram em 27 de Abril de 1942, todavia, o dia do casamento, como se observa da crônica, que hoje insiro, na qual Urbanus celebra os sessenta e sete anos de casamento, é 28 de Abril.

67 anos
Na roda da vida

Levantei-me hoje, e após preces matinais, Virei a folha da folhinha que marca os dias E deparei com uma mensagem “Deus se manifesta onde não existe interesse egoístico”...
Meu pensamento voou e retornou, por milagre a um sábado há 67 anos...
Era uma tarde de abril...
Então, lembrei-me de uma frase que escrevi, há muitos anos que dizia:
“Tardes de abril...”.
Na beleza das cores do sol poente,
O meu pensamento, como garças brancas voam e voam...
Depois de longas voltas,
repousam nas águas tranqüilas de seu doce olhar...”
Eu era moço, cheio de sonhos...
E, em meu peito palpitava forte um coração repleto de amor...
De amor por uma menina de vestido vermelho...
Casamos na Catedral de Uberaba:
No altar de nosso Padroeiro – São José!
Hoje, passados 67 anos a garça do meu amor, ainda voa...
Voa, procurando o aconchego de seus braços, de seu doce olhar...
Minha querida, o sol poente das nossas vidas já esta se escondendo no horizonte...
Mas a garça continua voando para sempre para encontrar, para encontrar o frescor dos seus abraços, a doçura do seu olhar de amor.
28/04/2009.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Noventa anos

Iniciando as publicações de Urbanus, abaixo insiro a crônica que demonstrava o amor de meu pai pela família, e, em especial por sua amada esposa. Como se vê, ao completar os seus NOVENTA anos de vida, o velho Canôas (o eterno Urbanus) apresenta toda a sua sutileza de espírito, e alegria de viver.
Noventa Anos
Hoje estou completando 90 anos de vida.
De vida?
Por que não?
Fui menino travesso, moço cheio de sonhos... Homem casado... Quantas alegrias...
A vida correu e eu tropecei...
Quantas lembranças!...
Com o casamento, tive meu complemento: - a minha querida Ruth, com quem eu brigo há 67 anos... Brigas de amor... E, veja lá, se pode brigas de ciúme... Tantos netos... 16... Bisnetos... 9...
Sou velho, mas, sou feliz, graças ao bom Deus...
90 anos...

São Carlos (SP), 22/09/2009.

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Quem era Urbanus?

Urbanus era o pseudônimo de Urbano França Canôas, mineiro de Sacramento, nasceu em 22 de Setembro de 1919; filho de Eurídice França de Assis e Antonio de Assis Canôas, casou-se com Ruth Fullin Canôas, no dia 28 de Abril de 1942. Dessa união nasceram os filhos José Antonio (já falecido), Anita, José Urbano, José Alberto, e José Fernando. Mas o amor do casal Urbano e Ruth, foi além dos filhos biológicos, trouxeram ao seio da família, a filha de coração, a minha irmãzinha Ruth Helena.
Aposentou-se como bancário trabalhando 32 anos no Banco do Brasil, exerceu as seguintes profissões: Jornalista, Radialista e Advogado. Faleceu em São Carlos (SP), no dia 31 de Março de 2010.
Em toda sua mineirice, adotou Barretos (SP) como sua cidade de coração, e onde escreveu as crônicas CHÃO PRETO, projetou-se como Advogado Tributarista na Capital do estado de São Paulo, mas foi em São Carlos (SP) que viveu seus últimos dias.
Mas um poeta não morre, vive um sonho eterno!
Nesse Blog, pretendo postar TODAS as crônicas escritas por Urbanus, bem como as diversas que assinou em nome próprio. Nessas últimas, veremos o lado romântico, poético desse HOMEM que em meus 50 anos jamais conheci igual.
Falarei não só do Poeta, do Cronista, do Jornalista e do Advogado, mas também do HOMEM, do MESTRE, do COLEGA de profissão e do PAI que tive o orgulho de ter. Para mim vai ser um pouco difícil, pois um dia ele me disse: “Você é os meus olhos, a minha bengala!”, mas qual... Sou apenas um olho marejado de lágrimas de saudades e uma bengala abandonada num canto da sala... Sou, aos cinqüenta anos de idade, órfão de PAI e de AMIGO!

terça-feira, 22 de junho de 2010

Barretos é a Chão Preto!

A expressão Chão Preto nasceu num momento de arte teatral para enaltecer Barretos. Nos palcos da capital paulista, um personagem apresentava a frase para quebrar a cena, causando reação imediata na platéia.

- Eh! Chão Preto, terra boa é Barreto!

A cidade nunca foi terra de chão preto. Mas a magia da expressão ganhou encanto, retratando a paixão do homem por sua terra. A força de um hábito foi criada por um jornalista: Urbano França Canoas.

Como um barco pelas páginas da imprensa, o colunista navegou pela imaginação do barretense, formando para a expressão Chão Preto toda uma dimensão de cidadania, de bairrismo inteligente, de proximidade com o solo fértil.

Urbano fincou um marco significativo na cultura barretense, através de processos lingüísticos animadores. Com sua inteligência e arte, com sua habilidade e sutileza, valorizando o estilo primoroso e leve, que se punha sempre a executar sinfonias de amor e admiração por Barretos, a palavra Eh Chão Preto, terra boa é Barreto ganhou o coração e a mente de um povo.

A imprensa barretense nunca foi apenas um negócio empresarial. Em primeiro plano, sua vocação foi de formar e informar, defender mais do que atacar, semear a paz e animar permanentemente.

Urbano Canoas retrata bem a influência da imprensa em gerar otimismo e confiança. A palavra empregada quer sempre fortalecer a idéia de que Barretos é hoje e sempre será uma terra boa.

Uma terra boa é acolhedora e sabe repartir. Uma terra boa é generosa e conhece suas necessidades. Uma terra boa tem virtudes e propriedades geradora de vida em abundância.

A Barretos que Urbano Canoas retratada em suas crônicas é aquela cheia de esperança e bondade. A terra sem preconceito e sem ódios. Mas que ainda tem como ser mais democrática, mais fraterna e mais justa. Por isso é boa terra e não paraíso...

Chão Preto sim, porque tudo tem razão de ser numa terra com 150 anos...
(Texto extraido de http://www.migalhas.com.br - pílulas de informações/Migalhas)