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quarta-feira, 18 de agosto de 2010

CHÃO PRETO

Origem da denominação
(Crônica em homenagem aos 150 anos de Barretos)

Diz a história mais aceita que a denominação da cidade de Barretos (SP), como “Chão Preto”, nasceu em uma peça burlesca, levada a palco, em São Paulo - Capital, nos idos anos de 1.924, quando um ator, trajando-se como um homem do campo, como um verdadeiro “caipira”, no linguajar popular, entrava em cena e, sacando de uma velha garrucha, disparava dois tiros para o alto, gritando com voz de bravo: - “Eh! Chão Preto, terra boa é Barreto!
Como se vê, o referido personagem não falava Barretos para rimar, ao que parece, com “preto”.
A cidade de Barretos era, naqueles tempos, conhecida e tida como valhacouto de bandidos e facínoras, como Filogônio Reis e Aníbal Vieira; além de manter um afamado meretrício composto de lindas mulheres importadas até da França e da vizinha cidade de Uberaba (MG). Essas mulheres, da chamada vida airosa, eram trazidas pelos “coronéis” políticos e fazendeiros que, na aparência, eram homens probos e honestos chefes de família que “ornavam” a mais alta sociedade de então...
Barretos progrediu... Cresceu... Tornou-se famosa no cenário nacional.
Teve seus “tipos” populares. Quem não se lembra do “Carrasco”, do “Ponto Mole”, do “Quatro”, do “Tuta”, do “ Muié”, do “Zebedeu”, do “Chupa Limão”, do “Mudinho”, do “ Feição”, e tantos outros?!
A cidade alcançou foros internacionais, graças a “Festa do Peão”, patrocinada pelos “Independentes”, esse grupo de moços valorosos que, em virtude de seu trabalho, elevou o nome de Barretos além fronteiras... Lembranças do Orestes de Ávila: - “Elegância! Elegância! Segura peão!... O chão é o limite!...
x.x.x.x.x.x
Em 1948, através das colunas do jornal “O Correio de Barretos”, de propriedade do eminente jornalista Ruy Menezes, de pranteada memória, comecei, modestamente, a escrever, sob o evidente pseudônimo de “Urbanus”, uma colunazinha intitulada “CHÃO PRETO”, na qual pretendia, em oito centímetros, gravada em tipo itálico, corpo 6, relatar fatos locais e, principalmente, exaltar a excelência da cidade e a de seus habitantes.
Invariavelmente, eu terminava as pequenas crônicas com a expressão “Eh! Eh! Chão Preto”... Mantive a coluna durante 17 anos...
A “coisa” pegou... A antonomásia pejorativa de “Chão Preto” tornou-se adjetivo qualificativo para a cidade... Hoje, ninguém se ofende de ser chamado de “chãopretano”, de morar nas terras abençoadas do “Chão Preto”...
O nome, atualmente, é do domínio popular. Houve até um ilustre membro da Academia de Letras de Barretos que lançou um livro sob o título de “Crônicas do meu querido Chão Preto”. Todavia, - o que é lamentável – o ilustre autor, nem de leve, lembrou-se de mencionar quem fixou, na cidade, o nome de “CHÃO PRETO”, daquele que, realmente, escreveu, durante 17 anos, as verdadeiras crônicas do meu querido “Chão Preto”... Bem diz o povo, na sua sabedoria, que “o brasileiro tem memória curta”...
Mas, agora, longe da terra que tanto amei que tanto exaltei só me resta a saudade de ouvir o berrante trombetear nas campinas do sertão barretense e o peão, do alto da sua montaria, gritar, a plenos pulmões: “EH! EH! CHÃO PRETO, TERRA BOA É BARRETO!!!”...

São Carlos (SP), agosto de 2.004.
Urbano França Canôas

HOMENAGEM AOS 156 ANOS DE BARRETOS (nota)

Às vésperas de mais um aniversário de Barretos, dia 25 de Agosto pf., o “Chão Preto” completará 156 anos! E para homenagear a terra de Chico Barreto, vou postar a crônica escrita, por Urbanus em 2004, alusiva ao sesquicentenário da terra que tanto amou.
Nessa crônica, Urbanus relata a origem, da denominação “Chão Preto”, e também como e quando iniciou sua jornada como propulsor da expressão “Chão Preto”.
J Fernando Canôas

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

O CURUMIM (Para o meu netinho Lucas)

A sua carinha de curumim é a alegria da casa.
Então a gente vê aquela energia toda irradiando-se do seu corpinho que se agita em tropelias de toda espécie: - corridas, pulos, cambalhotas e quedas espetaculares...
É um verdadeiro furacãozinho!
A sua algaravia é quase que inteligível. Mas, ai de quem ousa não entendê-la! Ele grita frenético e chora inconsolável...
No meio de tudo isso, a personalidade de um verdadeiro guarani das antigas planícies brasileiras.
Ah! Meu indiozinho levado, como você agita o ambiente da minha casa com a sua ligeireza infantil! Como você enche a minha vida com a sua brejeirice!
Em você, meu curumim, eu vejo o Brasil que nasceu e cresceu para ser forte e belo, como você será, se Deus quiser, um dia!
Ah! Meu curumim... Ah! Meu indiozinho.

Urbano França Canôas

sábado, 7 de agosto de 2010

DIA DOS PAIS (por J. Fernando)

Hoje é o primeiro DIA DOS PAIS que passamos distantes (fisicamente distante), pois no meu coração, na minha alma, o senhor PAI, está mais presente do que nunca!
Quando criei esse Blog, não imaginava a dimensão que poderia ter. Imaginei apenas fazer uma homenagem a um grande homem e “um baita” amigo que tive o prazer de conhecer, e que não por acaso era o senhor, MEU PAI! Imaginei uma forma de sempre manter-me em contato com o senhor, de lhe afagar os cabelos, de ser a sua bengala e os seus olhos.
Hoje, véspera do DIA DOS PAIS, estou eu aqui; frente a frente com a dura realidade de não ter o “Velho Canôas” prá poder abraçar, prá ouvir suas histórias, seus causos... Mas tenho absoluta certeza de que a festa no “andar de cima” tá bem animada... Alegro-me de saber que o “Zé Botina”, o “Coconho”... O “Mineiro”, tá fazendo as nossas vezes, as vezes de todos nós que ficamos nesse plano. Que inveja dele!!!
PAI receba nessa singela homenagem, um beijo, um forte abraço (o mais carinhoso possível e imaginável) desse seu caçulinha que tanto trabalho te deu, mas que saberá honrar o seu nome, o seu legado de cultura, de amor e de fé.
PAI... PAPAI. Um feliz dia dos pais!!! Nós te amamos.
Um beijo de seus filhos.

CRISTIANE & Marcelo, Letícia e Kaíque
ANITA & João Carlos; Maria Ruth & Marcos, Larissa, Caio Henrique, João Pedro; Liliane & Sandro, Sandro Junior, João Victor; Marta Regina, André Luis, Orlando Carlos;
JOSÉ URBANO & Aparecida; Urbano Neto & Erika, Guilherme; Ana Carolina & Eduardo (Luiza);
JOSÉ ALBERTO & Luciana; Vivian, Fernanda, Vitor Hugo e Beatriz;
RUTH HELENA & Francisco, Victor Tadeu, Cinthia, Camila
J. FERNANDO & Daniele, Bruno, Lucas, Alexandre Giovanna e Maria Clara.
Nota: "Zé Botina", "Coconho" ou "Mineiro" - apelidos de JOSE ANTONIO

DIA DOS PAIS

Hoje, dizem, é o “dia dos pais”...
Então, segundo a tradição, eles, os pais, recebem homenagens... Recebem presentes... Abraços... Beijos... Sei lá mais o quê...
Alguém, alguém que talvez me conhecesse... Sei lá... Perguntou-me – “Como é? recebeu muitos presentes?”...
Presentes... Abraços... Beijos...
Recolhi-me, dentro das minhas lembranças, da minha memória já cansada...
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Nos meus tempos de menino, - não me lembro! - não existia esse tal de “dia dos pais”... Eu não sabia que pai tinha dia...
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Casei-me...
O relógio do Tempo rodou... Rodou...
Tornei-me pai...
x.x.x.x.x.x.x.x.
Aquela pergunta martela a minha cabeça: - “Como é? Recebeu muitos presentes?”
x.x.x.x.x.x.x.x.
Não sei se é trama comercial. Se é truque pra vender mais algumas quinquilharias para uns meninos... Para alguns filhos ou filhas... Não sei... Não sei...
x.x.x.x.x.x.x.x.
Só queria um belo “presente”...
Só queria rever aqueles olhinhos pretos como jabuticaba, percorrendo o quarto onde ele nascera, à procura da luz do vitral da janela...
Só queria revê-lo sorrindo, correndo com sua botininha de elástico, lá na praça, e os homens velhos (velho como sou hoje), a chamá-lo carinhosamente: -“Vem cá, Zé Botina! Vem cá... Vem...”
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Dia dos pais...
E o meu presente?
Ele fica na minha retina... Ele fica na minha velha memória... Ele fica no meu coração, meu querido filho distante: - Meu querido “ZÉ BOTINA, o presente que eu queria hoje ganhar!... Que Deus me ajude! Que Deus te abençoe, “Zé Botina”...
09-08-2004.

Urbanus
NOTA: Zé Botina era o apelido de José Antonio, meu irmão já desencarnado

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A CIGARRA E A FORMIGA

Às vezes a gente se recorda, sem querer, de fatos passados e que, de muito jaziam no sepulcro mental do subconsciente. Causas várias concorrem para que se ocorra esse rememoramento. Um simples assobio, uma gargalhada estrepitosa ou um pedido de auxílio...
Dois desses fatores, creio, me trouxeram à luz do consciente uma fábula velha, velhíssima mesmo. Não que eu a houvesse esquecido. Mas ela esta enterrada no meu jazigo mental, junto com outras idéias – umas alegres, outras tristes – e que constitui essa fábula de cada um de nós – a nossa vida!
Mas, voltando ao assunto. Depois de um dia arduamente trabalhado, eu me recolhia à minha casa. Passando defronte a um dos clubes da cidade, chegou-me aos ouvidos um som de gargalhada estrepitosa, debochada, imoral. Lá dentro, no salão, vários moços dançavam. Mais adiante, perto ainda do local do festim um pobre diabo mendigava. Era um velho!
Não sei por que tal contraste me trouxe a recordação daquela historieta dos antigos livros do curso primário: - a fabula da cigarra e da formiga...
Segui para casa matutando na condição das situações. O velho lamentava-se e os moços divertiam-se...
Hoje e domingo de carnaval. Quantas “cigarras” e quantas “formigas” não haverá na quarta-feira de cinzas?
Tenho esperança que os filhos do meu “Chão Preto” leiam a fábula mais vezes e tirem dela uma conclusão proveitosa.

Urbanus

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

DITOS POPULARES

Há certos anexins (1) que necessitam, pela força das circunstâncias modernas, serem alterados, de vez que não traduzem, com realidade, o sentido que, de início, lhes foi dado.
Vejamos hoje, por exemplo, um desses ditos populares: - passar a pão e banana.
Quando se empregava esse ditado ao referir a alguém, era porque, de fato, o indivíduo era pobre, “pobre que nem tatu”...
Todavia, as coisas mudaram... Passar a pão e banana, hoje em dia, deixou de ser um dito indicativo de pobreza, de miséria. É sinal de riqueza, de opulência! Quem, senão os “empelegados”, pode comprar, com o preço atual, uma ou duas dúzias de bananas? E dizer-se que a banana é uma fruta quase que nativa das zonas quentes como a nossa...
E o pão? Quando o rifão a que me aludo ainda tinha valor, a gente comprava, naqueles tempos (Ah! Se a vida fosse assim!) por 200 réis, isto é, 20 centavos, o pão que hoje pagamos 2 Cruzeiros!
Talvez possam argumentar para justificar, o “jus argumentandi” dos que não acham solução para nada, que a vida encareceu e que em vista disso as autoridades nada podem fazer... Concordo! Mas pergunto: de quem é a culpa pelo encarecimento da vida? Parece-me, salvo melhor juízo, que é das autoridades. Assim cabe a elas fiscalizar e controlar o descalabro dos preços. Pelo menos do pão e da banana...
Enquanto isso, aqui no “Chão Preto”, proponho uma alteração naquele ditado: quando quisermos nos referir a alguém que“passa fome” dizermos: “Fulano passa a folha de gravatá e de sucupira”, pois ambas as folhagens existem de sobra por essas beiradas...

Urbanus

NOTA DO EDITOR: (1) anexim1 (ch). [Do ár. an-na8Cd, ‘canto’; ‘hino’; ‘poema’.] Substantivo masculino. 1.V. provérbio (1): “um marido; não desses que justificam o anexim: — nunca falta um chinelo velho para um pé doente — mas um marido regular, capaz de direitos e obrigações.” (França Júnior, Folhetins, pp. 626-627). 2.Dito sentencioso. (in Novo Dicionário Eletrônico Aurélio versão 6.0 © 4ª Edição de O Novo Dicionário Aurélio da Língua Portuguesa, atualizada e revista conforme o Novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa de 7 de maio de 2008, contendo 435 mil verbetes, locuções e definições. ©2009 by Regis Ltda.

Fernando Canôas

terça-feira, 3 de agosto de 2010

CARIDADE

Uma das virtudes teologais de mais difícil cumprimento, talvez seja a caridade.
Não quero me referir ao ato ostensivo de se enfiar a mão no bolso e dele retirar do meio de várias “pelegas” de 500 o 1.000 Cruzeiros, uma miserável “paragnaia” de 1 ou 2 Cruzeiros, para dar a um pedinte qualquer. Não! Não é a esse farisaico proceder que me refiro. Quero focalizar a caridade despretensiosa, a caridade pura, a que nos vem do fundo da alma e que cheira a incenso. Podem querer mudar-lhe o nome, chamando-a de solidariedade humana ou espírito de colaboração, de cooperação, etc. Entretanto, sempre será, no meu dicionário, caridade.
Várias oportunidades temos nós, próprios mortais, de compartilhar desse manjar tão sublime como o que se deliciava com primazia o Divino Mestre.
Hoje mesmo, aqui no meu “Chão Preto”, todos terão uma excelente ocasião para se deleitarem com o prato da mesa do Mestre e, por outro lado, propiciarem à carcaça um prazer material. Explico-me: realizar-se-ão hoje dois embates esportivos em benefício de um pobre rapaz atingido por grave moléstia. Um encontro futebolístico e uma partida de “bola ao cesto”.
Com uma parcela insignificante desviada do nosso orçamento para o cinema, o para outra futilidade qualquer, poderemos minimizar o sofrimento de um ser humano.
Daqui da minha obscuridade, lanço um apelo as filhos desse meu “Chão Preto”; pratiquemos hoje um pouquinho de caridade, contribuindo para a iniciativa de se ajudar a um enfermo. Deus, por certo, saberá nos recompensar.

Urbanus